segunda-feira, 12 de maio de 2025
SALVATERRA DE MAGOS: UM BRINDE QUE LEMBROU A IMPORTÂNCIA DE UM TOUREIRO!
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
VILA FRANCA: A DESPEDIDA SONHADA DE SALVADOR E A LIDE QUE NOS FEZ SONHAR DE MIGUEL MOURA
A DESPEDIDA SONHADA DE RUI SALVADOR. Sempre foi um
toureiro valente e foi valente até ao fim. Rui Salvador teve a noite que
merecia. O último toiro da sua trajectória nas arenas tinha o N.º 39, pesou 500
Kg, e pertencia à ganadaria de David Ribeiro Telles, permaneceu nos médios,
indiferente ao cavaleiro e obrigou Rui Salvador a fazer um esforço suplementar.
Com o “Vice-Rei”, o segundo comprido foi apontado com muita decisão; e montado
no “Hornazo” a serie de curtos ficou para a história de Rui Salvador e para a
nossa história enquanto aficionados. Da parte do cavaleiro houve sempre muita
disposição, intencionalidade em tudo o que fez e uma ligação constante. A Palha
Blanco retribui-lhe com gritos de Toureiro, Toureiro, Toureiro!
A LIDE QUE NOS FEZ SONHAR DE MIGUEL MOURA. Tem vindo a
apontar. Tem vindo a dizer que podemos contar com ele. Miguel Moura assinou,
ontem, em Vila Franca uma das melhores actuações da sua vida. O toiro de Vale
Sorraia saiu com muita mobilidade e a transmitir muito; e estar à sua altura
foi um desafio exigente. Logo de saída, com o “Faraó”, Moura apontou uma gaiola
poderosa; e com o “Juventus” soube tirar partido da vivacidade das investidas,
quer na brega, quer no momento do ferro, deixando o adversário arrancar-se de
largo e vencendo o pitón da sorte com autoridade. Actuação vibrante que colocou
o público da Palha Blanco de acordo e encerrou com chave de oiro a noite.
A Corrida Concurso de Ganadarias juntou um toiro de
Conde de Murça, precioso de hechuras (merecedor do prémio apresentação, que não
lhe concederam), mas que teve pouca entrega; o de Veiga Teixeira foi encastado;
o de David Ribeiro Telles foi muito reservado; o de Mata-o-Demo foi gazapón; e
o de Vale Sorraia foi um toiro com muita mobilidade e transmissão, que merecia
ter sido distinguido. Em quarto lugar, João Moura lidou um sobrero de Veiga
Teixeira, colaborador, em substituição do exemplar do Eng. Jorge de Carvalho,
que foi recolhido sem se perceber o porquê.
Diogo Oliveira concretizou o sonho de tomar a
Alternativa, concedida (a título excepcional) por Rui Salvador. A actuação veio
de menos a mais, inicialmente por falta de colaboração do “Chapitô”, mas depois
ganhando folgo com o “Orpheu”. Depois de um início infeliz, António Ribeiro
Telles destacou-se em dois curtos montado no veterano “Alcochete”; João Moura
(que lidou em 4.º lugar o sobrero) despachou com facilidade os curtos montado
no “Favorito”; e apesar dos intentos, Rui Fernandes teve uma actuação que não
terminou de se definir com o “El Dorado”.
Em noite que costume ser especial para os Amadores de
Vila Franca de Xira, esta teve vários matizes. Pegaram Miguel Faria à primeira
tentativa, Rodrigo Camilo à primeira, Vasco Pereira também concretizou ao
primeiro intento, seguindo-se Salvador Ribeiro Corrêa que dobrou Rodrigo
Andrade, André Câncio à primeira e Guilherme Dotti apenas à quinta.
No fim, o Prémio Apresentação e o Prémio Bravura
distinguiram o exemplar de Veiga Teixeira.
Se para Diogo Oliveira esta foi a noite da sua
Alternativa; para Rui Salvador e Miguel Moura esta foi uma noite para recordar!!!
FOTOS: PEDRO BATALHA
domingo, 6 de outubro de 2024
VILA FRANCA: MARCO PÉREZ E TOMÁS BASTOS FAZEM HISTÓRIA NA PALHA BLANCO!!!
Quem diria que uma das noites mais importantes da temporada portuguesa (se não mesmo a mais importante) fosse uma novilhada mano-a-mano entre dois dos novilheiros punteros do momento, que culminou com a saída em ombros – e a Palha Blanco rendida – de Marco Pérez e Tomás Bastos!? Quem diria!?
Ricardo Levesinho quis marcar a diferença – e a par de Rui Bento que contratou Borja Jiménez para a Nazaré – ambos conseguiram trazer um novo fulgor ao nosso limitado ambiente taurino. E há uma situação curiosa, quando muitos empresários portugueses dizem “cobras e lagartos” do toureio a pé, repare-se no entusiasmo gerado por outros episódios este ano, como por exemplo, a vinda de Roca Rey a Santarém ou a de Emílio de Justo à Moita. Quando as coisas são bem montadas e bem cuidadas – o público responde, sem hesitar. Ontem, a Palha Blanco registou uma grande lotação, e a par da prestação dos dois novilheiros, fez-se história em Vila Franca!
Marco Pérez e Tomás encararam o desafio com máxima responsabilidade e a entrega de ambos foi evidente. Nos seis novilhos, “picaram-se” logo de capote, respondendo aos quites um do outro.
Marco Pérez é um predestinado. Tudo o que o seu toureio tem, não tem a maioria dos demais. Com apenas 16 anos, Marco Pérez consegue juntar em si personalidade, muitas virtudes, muito improviso, muito conhecimento, etc. Ontem, tocou-lhe o melhor lote; o primeiro e o quinto de Álvaro Nuñez serviram para que se exteriorizasse como ele próprio gosta. O seu toureio é a compilação do que é o toureio. Para além de uma intuição natural (fora do comum), a variedade com que começa e acaba cada serie de muletazos é apaixonante. Pérez esteve por cima do novilho menos claro do seu lote (o terceiro da ordem), e fez-nos desfrutar com a intensidade da sua primeira e última faena. Este é um nome que, futuramente, vamos ouvir várias vezes…
Tomás Bastos voltou à “sua” Palha Blanco, ontem. E digo à “sua”, porque há muito tempo que não vejo Vila Franca “volcada” com um toureiro, como vejo agora. O quite por Saltilleras com que respondeu a Marco Pérez, logo no primeiro novilho, fez a Palha Blanco explodir de emoção. Com as bandarilhas mostrou facilidades e poderio. As suas duas primeiras faenas foram em crescendo, com o toureiro, a pouco e pouco, a apoderar-se das investidas e a impor-se; pois o seu primeiro de AN foi tardo e teve uma ponta de génio e o seu segundo igual de tardo, furtando ritmo à faena. Sobretudo, no quarto, Bastos cuajó duas grandes series, uma de naturais e outra de derechazos na fase final. Com o encastado jabonero que saiu em último lugar, Tomás Bastos fez a sua melhor faena, com muletazos larguíssimos, de mão baixa e poderosos. Houve ainda passes de peito que foram um portento. O seu nome continua a fazer-nos sonhar!
Grande noite a que assistimos, ontem, na Palha Blanco. Noite histórica! Fomos uns privilegiados...
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
MONTEMOR-O-NOVO: COM A ASSINATURA DO GRUPO DA TERRA!!!
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
CARTA ABERTA A RUI SALVADOR
Caro Rui Salvador,
Permita-me que o trate assim. Deixei passar alguns dias,
após a noite de Quinta-feira, no Campo Pequeno, para poder amadurecer o que lhe
queria transmitir. Acima de tudo, transmitir o meu agradecimento, o nosso
agradecimento, o agradecimento da afición portuguesa.
Volvidos 40 anos de Alternativa, querer despedir-se na
Monumental do Campo Pequeno, com um curro do Dr. António Silva, à beira de
cumprir cinco anos de idade, sério por onde o mirássemos, diz tudo de si!
O Rui Salvador leva tantos anos de Alternativa quase como
eu de aficionada. E como diz aquela conhecida frase, “El mejor aficionado es
aquel al que le caben más toreros en la cabeza”; habituei-me a vê-lo como
um guerreiro, um toureiro de máxima entrega, nunca acomodado a nada, ousado,
provocador, valente…
O Rui Salvador é um daqueles toureiros que todos devemos de
admirar e respeitar; porque para estar na cara de certos toiros é, muitas
vezes, preciso fazer um esforço sobrehumano, que sentados nas bancadas, muitas
vezes, não imaginamos…
Lembro-me de várias actuações suas. Ainda apanhei a fase
final do “Napoleão” e do “Crufta”, da “Ratona” ou do “Renegado”, mas é do
“Atlas” e do “Importante” dos que mais recordo. E que actuações!
Os anos 80 e 90, foram épocas importantes do nosso Toureio
a Cavalo, de projecção e valorização; para mim, o tempo em que melhores se
toureou e em que mais se rivalizou nas nossas arenas. E o Rui Salvador também contribuiu,
com o seu conceito, e com a sua forma de ser, para que fossemos reconhecidos
como a Pátria do Toureio a Cavalo.
Suponho que as suas lágrimas, na passada Quinta-feira, no
Campo Pequeno, tenham sido difíceis de conter. Afinal, para trás ficaram tantos
momentos, tantas lembranças, tantas amizades… uma história de vida!
Os aficionados, esses, quiseram marcar presença. E até foi
arrepiante a forma como o acarinharam.
Rui, não chore porque tudo terminou, sorria porque tudo aconteceu!
Aceite, um abraço, de apreço.
Catarina Bexiga
FOTO: PEDRO BATALHA
sábado, 10 de agosto de 2024
CAMPO PEQUENO: CABIA-NOS MOSTRAR AO MUNDO QUEM SOMOS…
Por: Catarina Bexiga
Ontem, no Campo Pequeno – Catedral do Toureio a Cavalo – estava
em causa muita coisa. Ao ser transmitido pelo canal Onetoro, o espectáculo teve
uma projecção mundial enorme. E cabia-nos a responsabilidade de aproveitar a ocasião
para divulgar e defender a nossa Festa de Toiros, uma realidade distinta dos
demais países taurinos; mas, sobretudo, no que diz respeito ao Toureio a Cavalo,
com uma reputação que vem de longa data. Por outras palavras: Cabia-nos mostrar
ao mundo quem somos. Cabia-nos, defender o que é nosso, o que é português!
E é por aqui que começo. De todos, Ana Batista foi o nome
mais português. Pelo conceito que defendeu e pelas intenções que mostrou. O seu
Vinhas foi exigente, pois no momento do ferro surpreendia de forma perigosa. De
saída, com o novato “Ónix”, Ana marcou a diferença, com um toureio sério. Desenhou
perfeitamente a sorte no primeiro comprido, mas infelizmente errou o alvo,
seguindo-se dois compridos de nota elevada. Montada no “Hermoso”, a actuação
teve muito, mas muito mérito. O toiro foi sempre tardo e a cavaleira atacou
sempre muito. Com atitude. Com decisão. Com risco. O primeiro e o quarto sobressaíram
do conjunto.
João Moura Caetano teve a sorte do seu lado, com o Vinhas
que lhe tocou no sorteio. Começou por dar nas vistas com o segundo comprido, montado
no “Pidal”; pois, o toiro arrancou-se de largo e o ferro teve impacto. De
seguida, com o “Campo Pequeno” privilegiou as cercanias e a harmonia do toureio
que ambos sentem.
Manuel Telles Bastos assinou no Campo Pequeno uma exibição
demasiado modesta. É verdade que o seu Vinhas adiantava-se, mas a sua quadra
também não ajudou a superar o problema. Montado no “Ipanema”, o quinto curto
foi o mais convincente.
Duarte Pinto também foi vítima do mesmo mal. Outro Vinhas
que se adiantava. Sobretudo, montado no “Cesário”, vencer o pitón da sorte foi
a sua principal dificuldade. A sua prestação nunca chegou a convencer.
Andrés Romero quis “vender” uma actuação que não teve clientela;
apostando num toureio enganoso, com muitas passagens em falso e reuniões na
paralela. No mínimo, caricato, foi querer sacar os cavalos para a volta a arena.
Todavia, o público “parou-lhe os pés”.
A noite terminou com a actuação de Luís Rouxinol Jr. Ao seu
Vinhas faltou entrega, mas montado no “Jamaica”, praticou um toureio animoso,
que muitas vezes transmite, mas que, sobretudo, no momento do ferro, carece de
argumentos mais sólidos.
Em noite de Concurso de Pegas, foi o grupo de Monsaraz o
justo vencedor da Melhor Pega, através de André Mendes. Pelo grupo alentejano
também pegou João Ramalho, à primeira tentativa. Pelos Amadores de Coimbra concretizaram
Pedro Casalta à primeira e André Macedo à segunda. Pelos Académicos de Coimbra
foram caras Francisco Gonçalves à terceira e João Tavares à primeira.
Termino, com a questão que me tirou o sono. Conseguimos
mostrar uma imagem válida do nosso Toureio a Cavalo actual? Convido-vos a deixar
a V. opinião nos comentários…
FOTO PEDRO BATALHA